Arquivo para junho, 2008

Diálogos idiotas

Posted in quotes da rapeize on 4 de junho de 2008 by mari messias

Snap1

I

mari: é, isso na minha época tinha outro nome

marx: é, na época do Wilde também, mas ninguém ousava dizer

II

pessoas: os fiscais do trânsito (aka azuizinhos) vão te parar, ein.

marx: é, mas se eles perguntarem “qual teu nome” eu respondo que “nem ouso dizer”

III

(aula de sintaxe. professor acaba de ler um poema do João Cabral que fala sobre como Camões com um olho só enxergava melhor que todo o resto do mundo com três)

professor: O que vocês entendem por este poema?

noah: que Camões não tinha cu?

(ao lado estampa de camiseta da Cove, extremamente cobiçável)

Só na Balalaica feat Leningrad

Posted in ieieie on 3 de junho de 2008 by mari messias

(foto de 50 mil anos atrás, antes da banda envelhecer e ficar com cara de um bando de bagaceiros tomadores de vodka – quando eles ainda pareciam jovens curitibanos dos anos 90. hshshshs.)

Dentro das noções introduzidas no post anterior apresentarei algumas pequenas verdades sobre os conceitos de etnicidade na nobre pátria russa que está super em alta aqui em casa (sim, de novo).

Boa parte da culpa por isto é do mega étnico Shnur com sua bandinha etnico egocêntrica e mutante Leningrad. Que é uma prova cabal de que a Rússia é uma país mais evoluído e alquímico, já que o Paralamas do Sucesso de lá arrasa.

Shnur é considerado por muitos o responsável pela introdução do russian mat como uma linguagem natural na construção de letras de canções etnicamente russas, o que é super Dante. O russian mat é um dialeto chulo (ou patois, pros finos) russo que, segundo este cara aqui é todo baseado em referências sexuais. Diferente do nosso que é, bom, eu sei lá. Por outro lado atesto que é diferente pq os russos não tem sinônimo de cu, segundo este cara do artigo. E brasileiro sem sinônimo de cu e futebol é lenda urbana.

Mas voltando ao Shnur/Leningrad. Segundo o próprio, quando a banda surgiu as pessoas não sabiam o que fazer com ela, já que eles não protestavam contra nada e basicamente só falavam este russian mat alhures como se fosse uma coisa cotidiana. Que devia, de fato, ser. Pra eles lá, já que eles são super étnicos. Ao longo da história eles protestaram contra algumas coisas, foram banidos e desbanidos de rádios e tvs, tiveram shows proibidos (por políticos ó o auê aí ó) em cidades russas, incluindo Moscou, mas fazem super sucesso. E o Shnur admite que adora dinheiro. Muito dinheiro (um punk que faz sentido, afinal). Só não gosta de dinheiro quando dizem: eu te dou dinheiro se tu deixar de ser étnico. Hshshshs. Pq na Rússia, diferente do Brasil, ser étnico é super in. Basta tomar litros de CANA, citar meia dúzia de escritores (auto-ajuda não conta, acho) e relacionar tudo com sexo que se faz sucesso na Rússia. É a nobre irmã alargando as fronteiras do étnico (garanto que isso é possível de ser dito em russian mat de tão dúbio que soa).

Por fim cito trecho de um estudo cientificíssimo que Desi achou sobre a opção sexual de um russo étnico. Ao que parece ela se chama Vodka.

Everyone seems to know at least one story about a man and a woman who got drunk and woke up holding each other in a tender embrace (although nothing suggested this on the eve of the night). Such stories about two women do happen, but not so often.

Abaixo um clip feito por um fã de Leningrad site aí, segundo a Wikipedia este clip ajudou a disseminar a banda. Claro, se tu ver os outros clips deles tu entende pq (ie, são super étnicos). O refrão é basicamente: eu me chamo Shnur. Celebrando a tradição das músicas eu me chamo como a do Prince (sem clip oficial, tb), a do Primus, a da Suzanne Vega (nossa, demorei pra lembrar este nome, pqp).

Mais vídeos podem ser vistos aqui, sem censura. Nada como se promover pela etnicidade russa. Foda.

(btw, sempre esqueço de categorizar os posts, que inferno. sinto muito pelos feeders se as alterações dos posts floodam vocês, não posso fazer nada. sou étnica. hshshshs.)

Só na balalaica

Posted in deveras pessoais, maconha on 3 de junho de 2008 by mari messias

A expressão “ser étnica” pode ser usada como uma definição perfeita sobre meus gostos. Claro que eu e Desi tratamos de criar sub-significados (adeus hífen, ailoviuforévis) muito mais relevantes e menos Sting que o usual.

Por exemplo, se tu diz uma frase como:

-Tu que é étnica poderia fazer isso.

Dependendo do contexto ou tu está chamando a pessoa de chinela (só os países bagaceiros são étnicos, os outros apenas são) ou insinuando que ela tem um gosto que tu considera pejorativamente peculiar, mas simula que não.

Étnico é a raíz de todo o excesso criativo do mundo. Mas cabe lembrar que por excesso entendemos algo que sobra e sobrar nunca é bom. Étnicos super sobram. Quando tu usa a expressão “Só no sapatinho” no Brasil, tu está sendo brasileiro. Quando tu usa em qualquer outro lugar do mundo, tu está sendo étnico.

Mas também é possível ser étnico dentro do Brasil com algo tipicamente brasileiro. Basta ser um traço cultural alheio aos estados que passam na TV e que cada dia mais forçam sua VERDADEIRA etnicidade pra cima do resto do país através de coisas como: BALADA, NÓIS e bronzeados. O correto, para um gaúcho seria: chinelagem, a gente e. Bom.

(btw: só na balalaica é criação da Desi, também)

Pornografia

Posted in idéia não tem dono on 2 de junho de 2008 by mari messias

Estou pra postar isso tem tempo, mas estava em labuta alucinada e em mudanças e em loucurinhas e não deu tempo. Agora, duas da manhã, pós labuta demenciada e tendo lido promessas de Susan Miller para um mês milagroso (com direito a piadinhas 80s) me sinto obrigada a fazer logo antes que eu perca o momento forévis (posso ficar muito ocupada multiplicando pães).

Portanto, mais Palha, ie, Camille-o-Bloom-é-meu-paizinho:

“A imaginação não pode e não deve ser policiada. A pornografia mostra-nos o coração da natureza daimônica, aquelas forças eternas em ação por baixo e além da convenção social. Não se pode separar a pornografia da arte; as duas interpenetram-se, muito mais do que tem admitido a crítica humanista. Geoffrey Hartman diz com razão: ‘A grande arte é sempre ladeada por suas irmãs escuras, a blasfêmia e a pornografia’.”

Até aí ok, todos concordamos. Mas logo em seguida ela diz:

“O próprio Hamlet, obra fundamental do Ocidente, está repleto de lascívia.”

E Ofélia chora ao som de “Com todos menos comigo”.

Arrasando o futuro de Thebas

Posted in maconha, o mundo (essa folia) on 1 de junho de 2008 by mari messias

Então, eu e Marx fomos ver Édipo, direção do Alabarse. Curti. Tem partes primorosas, uma delas o meu padrasto, que ta arrasando. Mas, confirmando que não sou a Heliodora, não ficarei falando sobre isso. Se tu quer ler uma crítica de pseudo Heliodora vá ao Frugal, mas não diga que eu não avisei. E nem concordo com o que ele fala do Creonte (Contreras) e da trilha.

Sobre a peça direi apenas que Dionisio sorri pra mim pois me guia pela mão para aquelas que tem elenco masculino com vestimenta crossdresser e que eu e Marx fomos tipo uma excursão do American Pie no São Pedro, criando expressões como: Alegria de Pólibo dura pouco e Que Thebas (no lugar de que treva). Fora as intraduzíveis e inapropriadas. Hshshshs.

Mas, Édipo, Édipo. Quando li a pecinha do Sófo achei lindo, mas dentro dos conceitos do Arista. Achei totalmente dissociado da realidade que eu conhecia, de qualquer maneira imaginável. Hoje eu pensei em coisas que nem me ocorreram lendo. O efeito da encenação ou do amargor de envelhecer me fizeram ver Édipo com outros olhos, pun intended. Temo mais agora que temia antes e confio menos em Arista agora que confiava antes.

A “alegria de Pólibo”, ao descobrir que seu pai (o adotivo) morreu, que antecede toda a revelação infernal que ele enfrenta é tão triste que eu morri um pouquinho vendo e me dando conta de que Sofó não é só um autor do seu tempo, como eu achava. Ele é o que sempre diziam dele e eu pensava: ok, recurso poético. Nada pode superar esta descoberta, ele diz, e descobre que comeu a mãe. Sofó, com seu humor amargo acaba com nossa alminha aos poucos.

E como é aquilo de escrever sobre como as coisas deveriam ser? Nossa, Zeus me poupe de ver Eurípe agora. Acho que cravaria uma lança no peito, mas sem a alegria de Santa Teresa.

A idéia de personagens que são homens superiores, vitimizados, pagando o pathos, me faz entender a história do suicidado pela sociedade de uma maneira contundente e repetitiva. E me faz pensar que eu, com minha serelepice, deveria tomar vergonha na cara e ser soturna com a vida já que ela, de fato, pode ser uma vadia.

Mas de que importaria isso? Freud que me desculpe, mas ainda tenho os olhos, não comi minha mãe nem matei meu pai. E isso me basta pra esquecer Édipo nas trevas do pensamento que veio, avacalhou com tudo e depois passou. Ignorance is bliss, saber é bilis.

p.s: odiei o novo coisinha do google. que cafona.