A Love Poem – Bukowski

Posted in idéia não tem dono on 28 de dezembro de 2013 by mari messias

all the women
all their kisses the
different ways they love and
talk and need.

they ears, they all have
ears and
throats and dresses
and shoes and
automobiles and ex
husbands.

mostly
the women are very
warm they remind me of
buttered toast with the butter
melted
in.

there is a look in the
eye: they have been
taken they have been
fooled. I don’t quite know what to
do for
them.

I am
a fair cook a good
listener
but I never learned to
dance – I was busy
then with larger things.

but I’ve enjoyed their different
beds
smoking cigarettes
staring at the
ceilings. I was neither vicious nor
unfair. only
a student.

I know they all have these
feet and barefoot they go across the floor as
I watch their bashful buttocks in the
dark. I know that they like me, some even
love me
but I love very
few.

some give orange and vitamin pils;
others talk very quietly of
childhood and fathers and
landscapes; some are almost
crazy but none of them are without
meaning; some love
well, others not
so; the best at sex are not always the
best in order
ways; each has limits as I have
limits and we learn
each other quickly.

all the women all the
women all the
bedrooms
the rugs the
photos the
curtains, it’s
something like a church only
at times there’s
laughter.

those ears those
arms those
elbows those eyes
looking, the fondness and
the wanting I have been
held have been
held.

Digam a Satã que o recado foi entendido

Posted in idéia não tem dono, o mundo (essa folia) on 16 de novembro de 2013 by mari messias

satãDaniel Pellizzari

 

Magic & Loss

Posted in ieieie on 27 de outubro de 2013 by mari messias

RIP, Lou <3

Café – Uma fonte de vida

Posted in idéia não tem dono on 14 de setembro de 2013 by mari messias

“Eu sou a fonte da vida. Do meu corpo nasce a terra. Na minha boca floresce a palavra que será. Eu sou aquele que disse: “Os homens serão unidos se a terra deles nascida for pouso a qualquer cansaço”. Eu odeio os que se amontoam. Eu dei aos esquecidos que não provam desse vinho, o hino das multidões. É deles que nasce a terra. E são a fonte da morte. Força, amor, trabalho e paz. E se o amor se desperdiçar, e se a força esmorecer, e se o trabalho parar e a paz for gozo de poucos. Eu sou aquele que disse: “Eu sou a fonte da vida”. Não conte o segredo aos grandes e sempre renascerá força, amor, trabalho e paz”.

Não tomo café, mas o Mario de Andrade curtia altos.

I Sing the Body Electric (1)

Posted in idéia não tem dono on 6 de setembro de 2013 by mari messias
I sing the body electric,
The armies of those I love engirth me and I engirth them,
They will not let me off till I go with them, respond to them,
And discorrupt them, and charge them full with the charge of the soul.
Was it doubted that those who corrupt their own bodies conceal themselves?
And if those who defile the living are as bad as they who defile the dead?
And if the body does not do fully as much as the soul?
And if the body were not the soul, what is the soul?
Walt Whitman
(tradução do Ivo Barroso)

Eu canto o corpo elétrico.
As legiões daqueles a quem amo me envolvem e são por mim envolvidas,
Pois não me largarão enquanto eu não for com eles e atendê-los,
E purificá-los e vigorizá-los inteiramente com o vigor da alma.
Há quem duvide de que todo aquele que perverte o corpo
esconde a si mesmo?
E de que todo aquele que profana os vivos seja tão perverso quanto quem profana os mortos?
E se o corpo não valer tanto quanto a alma?
E se o corpo não for a alma, o que será a alma?

XVII

Posted in idéia não tem dono on 6 de setembro de 2013 by mari messias

Lady, i will touch you with my mind.
Touch you and touch and touch
until you give
me suddenly a smile,shyly obscene

(lady i will
touch you with my mind.)Touch
you,that is all,

lightly and you utterly will become
with infinite care

the poem which i do not write.

 

E. E. Cummings

Everything

Posted in idéia não tem dono, ieieie on 6 de fevereiro de 2013 by mari messias

I got no fancy car,
Never was no Superstar.
I got no Grammy trophy,
Got no problem if you all approach me.
Never had no Rolling Stone cover,
Never had no Top 10 hits, my Brother.
Got no TV show,
Got no Maybachs, Benz or Rolls.
Got no movie roles,
Got no platinum or gold.
I got no diamond rings,
Watches, and all of them things.
Got no waiting plane.
What I mean is,
I got no private jets,
But I also got no regrets.
Got no Swag,
But got no love
For something I ain’t never had.

All of it, every bit, everything,
We got it all.
Nothing’s changed, feel the same, everything,
We got it all.

Got no mansions,
Restaurants,
I got no yacht,
But I got no choice
But to show you all
What some of us forgot.
Never was hot,
Never was Pop,
But I never, ever stopped
That real Hiphop.
Got no paparazzi,
Got no company that got me.
Walking alone in the ‘Hood
So it’s easy to spot me.
Got no million follower friends
On Twitter
And on Facebook.
Look, my friends,
Got no thing for video games,
Got no shame
Saying I ain’t never playing.

<3
Got no hate for things that are great,
Don’t you know, I salute you.
<3

Nossa realidade irreal

Posted in deveras pessoais on 4 de fevereiro de 2013 by mari messias

Pela primeira vez desde que criei esse blog não fiz uma postagem de retrospectiva do ano anterior. Eu não sabia bem o que rever nesse passado recente. Meu vício é tentar encontrar sentidos e, ainda que eu me treine para ser menos assim, se treinar para tentar fazer diferente  é também uma decisão pensada.

Adentrando o ano novo, pude pensar melhor que se tem uma coisa que acredito que os últimos tempos tem tentado me mostrar é que vivemos em uma realidade ilusória. Nós consumimos até o nível do impraticável para tentar anular o básico. Quando eu digo consumimos, não estou falando só sobre comprar, possuir. Estou falando, por exemplo, de tratarmos morte com um desespero apavorante, pra evitar lidar com a possibilidade de que ela existe. Quando sabemos que vamos perder o que amamos, tentamos comprar o contrário, comprar o eterno em tratamentos, em fotos, em memórias desesperadas.

E quando perdemos, por fim, é importante viver como se nunca tivesse existido. Ninguém quer ser visto como alguém que vive do passado, mesmo que seja impossível negar que, seja o tempo que for, ele nos constitui.

Estou falando, também, de sentir tanto medo do que nos constitui, das tripas afetivas, que passamos a ver como normal tratar pessoa como mercadoria, fazendo sexo com o mundo ou saindo de um relacionamento para outro. Tudo isso sem nunca parar de acreditar que patético mesmo é sentir qualquer prisma da gama de sentimentos que existem.

Brincar de ser plástico. Ou margarina.

Sentir, começando ou terminando, fodido ou bonito, também é o que nos valida como criaturas que existem.

Ostentar seu consumo de dinheiro, gente ou experiências, me desculpem, mas é só mais um jeito de evitar estar plenamente presente em sua própria vida. E quando acaba, parabéns, você desperdiçou sua chance.

Parece que estamos nos treinando progressivamente como sociedade para não aceitar que vergamos. Tudo verga. Não somos alheios. Isso é o que mais nos deprime.

Somos obcecados por femme fatales e malandros e psicopatas, todos querem ser ou conviver com criaturas desprovidas de suas capacidades mais básicas. Sentir, existir, vergar segundo sopra o vento da sua vida, não ser alheio a nada.

Eu, que nos últmos tempos, fui ACUSADA de sentimental, depressiva e até, pasmem, de ser intensa demais, posso dizer que não sairei desta ilesa. Me afastei pela vida ou pela morte de amigos, amores e uma Filha e eu honro a existência em comum que tivemos me deixando vergar: estando feliz, sorrio; estando triste, choro. Sentindo afeto, manifesto; sentindo desafeto, me afasto.

Acho que esses últimos tempos me deram a capacidade de deixar de ser mais uma a fugir do que me torna demasiado humana. Quando percebi que não existe lucro algum em se sofrer em silêncio, em praticar a alquimia de sentimentos por fachadas visuais, passei a ser mais sincera com o todo e, era isso, sabs. Mas, com isso, pude notar que precisa ser muito foda para existir. Não o suficiente para me fazer querer viver na cenografia mediana, mas o suficiente para me fazer hesitar.

97136470

Hoje, depois de meses sabendo que esta hora estava chegando, perdi minha gatinha Filha. Na verdade, não perdi. Ela morreu. Filha me ensinou muito sobre ser alguém melhor. Quando fomos morar juntas eu a prometi que, se ela fosse morar e ser feliz comigo, nunca mais deixaria que nada de ruim acontecesse com ela. Gosto de pensar que cumpri minha parte do trato, ja que ela mais que cumpriu a sua.

Filha veio morar comigo grávida. Dizem, no bairro onde moravamos, que era a segunda ninhada, pois ela tinha sido abandonada grávida (da primeira, imaginam). Não sei o que ela passou antes, só poderia imaginar. Mas nunca fiz questão.

Sei que, por essas narrativas, resolvi que seu nome seria Filha, pois achei que ela merecia ser Filha, ja que ja havia sido mãe tanto. Sei, também, que depois disso, ela teve cinco filhotes, segurando meu braço com suas garrinhas pequenas durante todo o parto. E sei que, tendo sido abandonada recém nascida, uma gatinha de 3 cores foi trazida para ver se Filha a amamentaria. Disseram os veterinarios que o mais comum é que a mãe mate filhotes alheios a ninhada. Colores, a recém nascida colorida, chegou muuuito magra. Filha viu a gatinha nova magrela e fraca , a cheirou e passou seu bracinho pelo pescoço de Colores, a levando para mamar em seu peito de gatinha.

Depois disso, Filha aprendeu a brincar. Nunca parou, ficou viciada nisso. E trazia os brinquedinhos de volta, feito cachorro. Mais que cordialidade e perspicácia, acho que fazia isso pra agilizar o processor e poder brincar mais em menos tempo. Hahahaha.

Depois disso, voltou a dormir comigo. E o fez durante 99% do tempo que passamos juntas.

E virou uma gatinha cheia de vontades adoráveis, do tipo que gostava de sol, mas só ficava na janela se eu estivesse perto. E uma gatinha empática e amorosa, capaz de dar afeto mesmo para o mais pulha dos pulhas (e, pasmem, capaz de converter mesmo o mais pulha dos pulhas ao afeto).

Ela estava velhinha, mal respirando. Foi pra clínica ontem e, quando cheguei hoje, miou muito. Mas se acalmou me ouvindo cantar a música que cantei para ela ao longo desses 12 anos e recebendo carinho e palavras de amor. E foi dormindo e aquietando, sem nunca deixar de fazer prr. Para seguir a promessa de quando fomos morar juntas, tive que tomar a decisão que ninguém quer tomar: ou deixava a Filinha sofrendo, ou fazia cirurgia, onde ela possivelmente morreria na anestesia, ou optava por antecipar sua morte. Tomei a decisão ouvindo seu prr e  lembrei do Hemingway, lembrei de nunca desistir de ser uma pessoa que sente. Lembrei que amar não é choro e ranger de dentes, mas querer, acima de tudo, o bem.

Obrigada, Filhinha. Sentirei falta, mas isso é menos importante que o percurso lindo o que tivemos juntas e todas as belezas que tu trouxe pra minha vida <3

Have had to shoot people but never anyone I knew and loved for eleven years. Nor anyone that purred with two broken legs.

IV

Posted in idéia não tem dono on 21 de novembro de 2012 by mari messias

O louco estendeu-se sobre a ponte
E atravessou o instante.
Estendi-me ao lado da loucura
Porque quis ouvir o vermelho do bronze

E passar a língua sobre a tintura espessa
De um açoite.

Um louco permitiu que eu juntasse a sua luz
À minha dura noite.

Hilst (Via Espessa)

Sardenta

Posted in idéia não tem dono on 9 de novembro de 2012 by mari messias
Tu, nesse corpo completo,
Ó láctea virgem dourada,
Tens o linfático aspecto
Duma camélia melada.
Cesário Verde